| Publicado por Rodrigo Sousa em: 3 de novembro de 2012 |
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 1996.
FICHAMENTO
1 – NÃO HÁ DOCÊNCIA SEM DICÊNCIA
Hoje
se fala muito sob perspectiva que a escola e mais especificamente não é o
espaço de simples transferência de conhecimentos, mas da sua produção.
Cai
por terra, cada vez mais a ideia de que o professor é o ser superior
inquestionável dentro da sala de aula, pelo contrário este assume papel de
líder das atividades a serem desenvolvidas.
A
única forma de apreensão verdadeira e permanente do conhecimento se dá quando o
sujeito que está ‘aprendendo’ participa da sua construção.
A
simples memorização não efetiva uma alteração na realidade do pensamento de
quem lê, simplesmente não se torna conhecimento e pouca utilidade assumirá,
pode ser entendida, como perca de tempo.
A
pesquisa é fundamental na construção do conhecimento e, partindo-se da escola
como o centro de tal produção, é impossível imaginar o ensino sem pesquisa, sem
busca do novo e constatação do velho.
A
relação ou não relação dos conhecimentos dos estudantes com os conteúdos
escolares é de fundamental para a construção do conhecimento, pois pode ser
entendida como o ponto de fixação deste novo conhecimento.
A
criticidade no ensino é fundamental, pois, se as relações estabelecem a
fixação, podemos considerar a criticidade como o ponto de reconstrução do
conhecimento, a busca por confirmação ou negação de uma verdade contestável e,
é na ética que o professor assume bases políticas para inserir a criticidade na
sua prática docente e na beleza da estética que assume as bases da curiosidade
dos seus estudantes.
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É o
exemplo do professor dentro e fora da escola que torna verídico e político o
seu tomar partido diante dos estudantes.
É o
exemplo do professor que torna incontestável sua defesa e o torna autoridade do
conhecimento crítico, ético e estético diante da sociedade.
A
maior responsabilidade do professor não é o processo mencionado anteriormente
de deposição do conhecimento no estudante, mas sim fazer o educando buscar sua
própria compreensão sobre os conteúdos propostos pela escola e inseridos pelo
cotidiano.
2 – ENSINAR NÃO É TRANSFRERIR
CONHECIMENTO
Ensinar
não pode ser tido mais como transferência de conhecimento, esta palavra assume
o significado de preparação das condições ambientais, como elaboração de planos
de aula, gincanas, atividades fora da sala de aula, para possibilitar a
apreensão do conhecimento pelo estudante.
Para
que o professor ensine certo é necessário que ele pense certo e, para tanto tem
que assumir desafios, fazer auto avaliações da sua prática e confrontar-se aos
outros, quando necessário.
É
quase impossível imaginar que é possível uma compreensão e assimilação do
conhecimento pelos estudantes se considerarmos o conhecimento como acabado ou
passível de ser acabado, pois tal pensamento é contraditório.
A
educação como processo permanente e contínuo só pode ser entendida assim se
considerarmos o ensino como tal, bem como o conhecimento dos professores e dos
estudantes.
É
atitude esperada e obrigatória da pratica docente o respeito à autonomia dos
estudantes, bem como à sua dignidade enquanto sujeito social, pois somente de
tal maneira podemos considerar possível a produção do conhecimento em grupo e
na individualidade de cada um.
Não
pode jamais, ser rígido, o professor em sua ética, ao ponto de sobrepor-se ao
bom senso que exige o entendimento do outro em suas necessidades.
Cada
professor tem um conjunto de características que o torna único, inconfundível e
jamais será esquecido por seus estudantes e, é de fundamental importância que
cada um tenha a consciência de que marca quer deixar.
O
exemplo do professor, mencionado anteriormente, ganha força na sua luta pelos
seus direitos, pois assim, se torna ético o combate a imoralidade e indignidade
que o sistema coloca as mais diversas classes.
A
utopia não entendida de forma pejoraria assume fundamental importância na luta
pelos direitos e na efetivação dos objetivos e, é caminho de indiscutível
importância a ser tomado em qualquer prática.
Muitas vezes são confundidos os termos autoritarismo e autoridade dentro da sala de aula, o professor tem-se que ser autoridade, pois assim conseguirá guiar seus estudantes na construção do conhecimento, com ética e, sobretudo respeito, não se colocando em momento algum como superior aos estudantes, mas como estando em uma grau diferente de participação de uma mesma atividade.
3 – ENSINAR É UMA ESPECIFICIDADE
HUMANA
É
fundamental a segurança do professor dentro da sala de aula, seja para
conseguir introduzir o conteúdo na aula ou para manter o respeito na mesma e,
talvez o grande segredo para tal segurança seja uma sólida formação.
Paulo
Freire deixa bem claro a existência da autoridade democrática e não
democrática, aquela que escuta, esclarece, dá espaço aos estudantes, mas
consegue manter o respeito e não perde o objetivo de produção do conhecimento
e, a segunda, a que se impõe como superior irredutível.
A
liberdade não pode ser entendida jamais como fazer o que quiser, mas dar aos
estudantes o espaço para se expressarem, mostrar seus pensamentos, interferir e
contribuir para a produção do conhecimento.
tendo
como pressuposto uma educação voltada para contribuição da formação de sujeitos
da sociedade, não como simples objetos das classes ‘dominantes’, é necessário
que o professor tenha em mente e insira em seus estudantes o caráter de
possibilidade de intervenção na realidade, pois assim a educação assume papel
primordial na existência de um sujeito.
No
papel de professor é indispensável sua opinião sobre os mais diversos assuntos,
não tem que ter opinião para tudo, mas ter princípios que lhe permita escolher
o que lhe é importante e o que não necessita de tanto atento, o que é
importante para seus estudantes entenderem na compreensão da realidade e, assim
o professor não se torna neutro, pois isso pode tornar sua prática omissa às
necessidades dos estudantes.
É na
tomada de decisões que é possível construir a autonomia e, acaba por acarretar
em responsabilidades.
O
homem ao se considerar permissível à educabilidade, assume que não é acabado,
que não sabe de tudo e, é neste momento que se torna possível a tomada de
decisões conscientes, capazes de gerar efeitos diversos e responsabilidades
inerentes a tais efeitos.
Somente
a partir do reconhecimento da educação como geradora de ideologias e do prática
do professor como não neutra que podemos construir uma educação produtora de
conhecimento, que permita aos seus alunos a autonomia para construir
conhecimentos quando não na presença do professor e, que não seja omisso à
realidade do estudante.
O
homem é capaz de construir ferramentas magníficas que tanto podem ser usadas
para o proveito como, para prejudicar o outro, diferenciando apenas como esta
ferramenta é usada, assim é fundamental que a educação se preocupe em encontrar
uma boa utilidade para as tecnologias que surgem, não pode jamais se colocar
contra tais tecnologias, pelo contrario, tem que fazê-las ferramentas
facilitadoras do processo de aprendizado.
A
abertura ao diálogo, às opiniões diversas e divergentes é indiscutível, como
característica da prática docente, pois somente assim o professor assume papel
de intermediador do conhecimento democrático e não sectário.
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A
educação corre sério risco de se tornar obsoleta, ao passo que se coloca contra
às mídias, que são mais interativas, velozes e embasadas na realidade, deve
portanto, a escola, buscar consorciar as informações disseminadas
aleatoriamente e indiscriminadamente pela mídia à sua ideologia e ao conhecimento
do estudante.