| Publicado por Rodrigo Sousa em: 22 de maio de 2013 |
KONZEN,
Lucas Pizzolatto. A mudança de paradigma
em sociologia urbana: do
paradigma ecológico ao
socioespaciai. Revista De Ciências Humanas, Florianópolis,
volume 45, numero 1, p. 79-89, abriV2001.
FICHAMENTO
ldéia
central
O texto em estudo busca analisar
sob uma perspectiva histórica, o desenvolvimento do conhecimento relacionado ao
que o autor chama de “Sociologia Urbana”, sobretudo, por meio dos seus
paradigmas que estabeleceram o modo de pensar em momentos distintos das
ciências que se ocupavam de tais discussões e, acabaram, por conseguinte
nortear, conforme seus princípios, muitas das ações administrativas dos
governantes.
ldéias
principais
I. “Os
paradigmas mudam através dos tempos. Mudanças ocorrem quando ‘um paradigma mais
antigo é total ou parcialmente substituído por um novo, incompatível com o
anterior’(KUHN, 1962; p. 125).”
Pégina:80, paragrafo 1
Na
historia das ciências é muito comum a existência de paradigmas que ditaram as
leis
e estabeleceram a forma de pensar dos cientistas, paradigmas que foram confrontados, muitos refutados, mas todos
tiveram sua fundamental importância na constituição das ciências contemporâneas
como as conhecemos.
ll. “A
característica mais saliente da Escola de Chicago, entretanto, é aquela que inspirou
a denominação do paradigma ao qual se vincula sua visão ecológica do comportamento
humano da cidade. [...], a cidade se define enquanto uma ordem natural a
semelhança dos ambientes de que trata a biologia. [...] A diferença estaria no
fato de que os seres humanos, ao contrário dos animais e das plantas, tem a capacidade
de selecionar o seu habitat e adapta-lo as suas necessidades.{...]”
Pagina: 83, parágrafo 1
A
escola de chicago é uma referência ao conjunto de pensadores da Universidade de
Chicago que inicialmente introduziram a fom1a ecológica de pensar a cidade, forma
esta que mais tarde se tomaria um paradigma da “disciplina cientifica Sociologia
Urbana”. O pensamento deste grupo encarava o urbano, de certa forma, como um
organismo, que teria a capacidade de superar seus problemas, problemas estes
tidos como uma doença, originada de mudanças bruscas na organização social como
altos níveis de migração, explosão populacional e assim por diante. Assim o
desenvolvimento social seria atingido quando houvesse um equilíbrio, obtido
pelo reconhecimento de distribuição de funções, destruição dos mais fracos e
reorganização espacial.
Ill. “[...]
Lefebvre, Castells e Harvey [...] direcionam sua atenção aos conflitos sociais
no espago urbano e as relações entre capitalismo e urbanização Argumentam que
as lutas sociais estão ao centro do processo de transformação espacial. [...] O
espago não se caracteriza simplesmente por ser um espelho das relações sociais:
mais do que isso, ele é também uma fonte de dinâmicas sociais. O espago
representa tanto uma maneira pela qual o passado alcança o presente quanto um
modo pelo qual o presente fornece material para construir 0 futuro. Sem entender a sociedade como um todo, não é
possível entender o espago. [...]”
Pagina: 87, paragrafo: 1
Os
referenciados autores representam a base do pensamento do paradigma sócio-espacial
da “Sociologia Urbana’§ pensamento este que passa a estudar o urbano, pelas
relag:6es sociais e espaciais, não mais como um organismo que tem seus
problemas originados no exterior e no qual prevalece 0 individualismo e a competição,
mas como uma sociedade embasada e definida por um modo de acumulagao do capital
e exploração da força de trabalho. Vale ressaltar também a grande
influencia do pensamento de Marx e Engels na produção e reprodução deste novo
paradigma.
IV. “Quando
os cidadãos se insurgem contra a construção de uma via expressa, quando eles
demandam ao governo equipamentos urbanos, lugares para jogar e se encontrar, é
possível perceber como contraespaços, contraplanos e contraprojetos (espaços de
representação) aos impostos de cima para baixo (representagées do espago) sao
introduzidos na realidade espacial. Para Lefebvre, apenas a pressão social de baixo para cima
baseada em presenças, a~;6es e discursos no espagzo (pratica especial) é capaz
de modificar a distribuição dos recursos destinados aos interesses
coletivos."
Pagina: 91, paragrafo: 2
Esta
então nova forma de pensar a cidade socioespacialmente é muito marcada pela
insistência nas forças e lutas de classes sociais, nas quais as possibilidades de
verdadeiras e efetivas transformações só ocorrerão mediante a luta pelo que é de
direito de cada classe, por meio da recusa de imposições governamentais que representam
subjetivamente as classes privilegiadas no processo de reprodução do espaço.
Análise
do texto
Ao representar a forma de
pensar de todo um grupo de estudiosos, um paradigma assume imensa importância
na constituição de uma ciência, pois deixa marcas profundas que servem de bases
para a produção do conhecimento em momentos posteriores, na Sociologia Urbana,
dois foram os grandes paradigmas, ecológico e socioespacial, o ultimo ainda
muito utilizado.
O paradigma ecológico traz
uma ótima forma de observar o urbano, sobretudo ao analisa-lo como um organismo
em que tudo se relaciona para constituição do todo, entretanto esquece-se de
analisar o poder de reorganização estrutural, funcional e ideológica deste
“organismo“ dos órgãos governamentais. Já
o paradigma sécio espacial apesar de observar
a sociedade na construção do seu espago, deixa a desejar quando passa a
desconsiderar o meio ambiente e se preocupa assiduamente aos conflitos sociais.
No atual estagio do
conhecimento geográfico, não sei se podemos falar no fim dos paradigmas, mas
podemos com certeza falar em superação de muitos conflitos ideológicos que
fortemente marcaram os paradigmas. Pois, sob uma perspectiva dialética o
importante não é o paradigma mais forte ou mais correto, mas, o confronto e
aproveitamento das partes de cada paradigma uteis a pesquisa.
Com isso atermamos que tão importantes São os
paradigmas na sistematização de uma ciência, entretanto pouco deve ser notável
a sua utilidade de colocar conhecimento contra conhecimento, pelo contrario
deve juntar os conhecimentos,
analisa-los, compara-los e sintetizar as
partes fundamentais.