| Publicado por Rodrigo Sousa em: 20 de março de 2013 |
Algumas questões ganham destaque dentro das discussões geograficas referentes ao espaço urbano, sobretudo pelas necessidades sociais e pelos processos desenvolvidos nas sociedades, assim expomos abaixo algumas destas discussões que são recorrentes.
1) Escreva sobre as características do
paradigma ecológico;
A
principal característica do paradigma ecológico, conforme KONZEN, 2011,
consiste no fato de os pensadores desta linha de pensamento terem observado a
cidade como uma ordem natural, de forma comparável aos seres vivos, desta forma
a cidade poderia ser estudada em conceitos como competição, evolução, seleção
natural, entre outros.
Assim,
o homem é observado enquanto individuo, que competem entre si, aceita-se a
diferenciação funcional dos indivíduos, na criação de uma comunidade,
comunidade esta que se adaptará, reprimindo com os problemas sociais e
econômicos e, será consequentemente desenvolvida.
2) Discuta embora de forma
introdutória aspectos do pensamento de Lefrebvre,
Castells e Harvey que contribuíram para a inserção do materialismo histórico
dialético nos estudos da cidade;
Lefebvre, Castells e Harvey
são três pensadores que estudaram a cidade sob os conflitos sociais e as
relações decorrentes do capitalismo sobre o espaço urbano, de forma a
constituir um modo de pensamento socioespacial de estudo da cidade, fazendo
análises como, o desenvolvimento social centraliza-se na exploração do trabalho
e acumulação de capital, o desenvolvimento social é indissociável à reprodução
do capitalismo, observaram a sociedade em divisão de classes, relações de
propriedade, modos de regulação e controle do estado.
3) Quais os aspectos que distinguem os
seguintes conceitos: cidade intermediária, cidade média e cidade de porte médio;
Esses conceitos são
amplamente discutidos pelos pensadores que estudam a respeito das cidades, em
leituras concordamos com Sposito, para qual, a cidade média pode ser entendida
como aquela cidade que apresenta um porte médio em tamanho e população, que desempenha papéis de intermediação na rede
urbana, já uma cidade de porte médio atenta a cidade enquanto espaço
quantitativo, que observa a cidade pelas suas dimensões territorial e
populacional, uma classificação utilizada pelo IBGE, que considera uma cidade
de porte médio aquela que apresenta entre 50 e 500 mil habitantes. E, a cidade
intermediaria corresponde a qualquer cidade que desempenha papel de
intermediação das relações de fluxos e redes, à escala local ou regional.
4) O que você entende por metropolização?
A urbanização acelerada e as
mudanças tecnológicas verificadas nas últimas décadas estão produzindo uma nova
geografia de poder e de organização no mundo, com centros metropolitanos e
regiões assumindo crescente importância na economia política global. Assim,
metropolização caracteriza-se como o processo em que cada vez mais cidades
tornam-se centros de fluxos e de poder no contexto de determinadas regiões,
configurando as redes urbanas.
5) Qual a proposta de periodização
apresentada pelo prof. Milton Santos para a compreensão da urbanização
brasileira;
Milton Santos Divide a história da
consolidação dos meios urbanos brasileiros em três momentos distintos, o
primeiro, denominado por meio técnico , que compreende a fase inicial, com a
chegada das novas tecnologias do mundo ao Brasil, como as ferrovias e
eletricidade em fins do século XIX até 1930.
O
segundo momento, consiste no meio técnico cientifico, estabelecido pela
inserção de um novo sistema de engenharia: rodovia, telecomunicações, etc, que durou
de 1930 -1970 e representou a fase em que a cidade mais se preparou para atrair
o homem do meio rural.
Por
fim, o terceiro, denominado por Milton Santos de meio técnico cientifico
informacional, que compreende todo o período pós-década de 1970, embasado no
alto desenvolvimento de novas tecnologias, a rapidez com que os meios urbanos
se desenvolvem e, o grande fluxo de informação.
6) Como se distinguem os espaços do reger
dos espaços do fazer segundo Milton Santos;
[...] há cada vez mais regiões que são apenas regiões do
fazer, e, cada vez menos, regiões do mandar, regiões do reger. Aquelas que são
regiões do fazer são cada vez mais regiões do fazer para os outros. [...] Os
objetos obedecem a quem tem o poder de comandá-los. (SANTOS, 1994, p. 114, 116 e
117)
Milton Santos, ao observar a
cidade, conforme as desigualdades sociais, divide esta em dois tipos de
regiões, aquela que comporta a classe pensante, exploradora, que tem o poder e,
a região que comporta a classe operária, que executa tarefas e que é explorada.
7) Discuta a Guerra dos lugares e
interprete como ela vem ocorrendo nas cidades do Nordeste Brasileiro;
De acordo com o site
comciencia.com.br, a guerra dos
lugares pode ser entendida como as disputas em que os municípios estão
envolvidos e sua capacidade de competição frente a outros entes federativos e
ao próprio território nacional para atrair recursos de todos os tipos.
Assim
sendo, um município compete com outro, a exemplo, para aumentar a isenção de
impostos ou tornar flexivel as normas ambientais para que uma grande empresa se
instale em seu território, trazendo novos empregos e possibilidades de
crescimento econômico.”
Cada vez mais são estas
disputas entre os municípios, povoados, e de uma forma geral, os lugares, nos
quais criam-se disputas por motivos muitos, como uma forma de se impor como
mais atrativo e melhor, o que muito enfatiza o sentimento de pertencimento ao
lugar dos habitantes e acaba por gerar uma verdadeira guerra competitiva.
No nordeste brasileiro isto
é muito saliente, sobretudo pela história do nordeste, na qual o povo sempre se
colocou (e foi colocado por seus governantes) como “coitados amaldiçoados pela
seca” e exigiram investimentos advindos de outras áreas do território
brasileiro, gerando uma disputa entre as cidades. Mais recentemente vale
destacar o desenvolvimento do turismo no nordeste, que gerou novas condições
para alimentar esta competição. Também vale ressaltar a competição por
equipamentos de infraestrutura, a exemplo do aeroporto de Camocim-CE que acabou
sendo perdido para Pernambuco em uma verdadeira guerra.
8) Quais as novas características da rede
urbana brasileira?
Até a década de 1970 a rede
urbana brasileira se caracterizava por pouca complexidade funcional, na qual se
verificava pouca articulação entre os centros urbanos se considerarmos com a
atualidade. A verdade é que hoje as cidades se caracterizam por estarem cada
vez mais interligadas, constituindo verdadeiros centros regionais, mais que
estão inseridos em um processo mais amplo da globalização, seja por meio da
presença direta das multinacionais ou indireta, pela produção de matéria prima
para estas e abastecimento do mercado internacional de determinados produtos.
A rede de cidades continua
sendo um sistema integrado e hierarquizado que vai dos pequenos aglomerados às
regiões metropolitanas ou grandes cidades, mas suas conexões, no entanto,
adquirem configurações mutito mais complexas, pois estabelece-se uma relação de
múltiplos elementos (circuitos) na rede urbana.
9) Como o modo de produção capitalista
influencia sobremaneira no surgimento da crise urbana e qual a contribuição do
geógrafo na interpretação da mesma?
O capitalismo desenvolve-se
com base em uma lógica muito complexa, que confunde desde o urbano e rural, ao
pobre e o rico, no qual todos tem a capacidade de sobreviver e se sobressair,
mas poucos têm as oportunidades para realizar tal façanha.
O surgimento da crise
urbana, se dá sobretudo pela forma como o capitalismo promove a desigualdade
social nas cidades, relacionando-se, sobremaneira a fatores como, a
inexistência histórica de um Plano Diretor para as cidade, que organizasse
democraticamente as infra-estruturas do meio urbano ao atendimento de sua
população excluída, a modernização das estruturas econômicas da cidade com
pouca função social e, a falta de focalização de políticas públicas
comprometidas com a realização de atividades com função social nos
empreendimentos financeiros e construções urbanas.
Assim o geógrafo assume
fundamental importância de buscar discutir dentro das mais distintas
organizações da cidade, a maneira como este capitalismo se apropria dos espaços
e os configura a sua maneira.
10) O
que seria a macrocefalia urbana?
A macrocefalia urbana pode
ser entendido como o inchaço e falta de estrutura em determinadas área da
cidade, recorrentes em muitos centros urbanos, que têm um crescimento
desordenado e acelerado provocado pelo desenvolvimento do país em um curto
espaço de tempo.
A problemática só continua a
se reproduzir, pois as populações dessas cidades entram em um processo de
marginalização e procuram formas variadas para sobreviver. Muitas vezes essas
pessoas ocupam áreas irregulares, chamadas de favela, que não possuem sistema
de transporte, água tratada, esgoto – além da falta de empregos e assistência
social, que propicia uma baixa qualidade de vida e a marginalidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Guerra dos lugares e a marca
da crise do pacto federativo. Disponível em:
, acesso em 03-09-2012.
KONZEN,
Lucas Pizzolatto. A mudança de paradigma
em sociologia urbana: do paradigma ecológico ao socioespacial. Revista De
Ciências Humanas, Florianópoles, volume 45, número 1, p. 79-89, abril/2001.
SANTOS,
Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização
e meio técnico-científico informacional. São Paulo: HUCITEC, 1994.
SANTOS,
Milton. A urbanização brasileira. 5
ed. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 2005. p. 6 – 36.
SPOSITO,
Maria Encarnação B. Capitalismo e
urbanização. 8 ed. São Paulo: Contexto, 1997.
TELES,
Lázaro Wandson de Nazaré. A complexidade
da rede urbana brasileira. Disponível em:
,
acesso em 03-09-2012.