A sala de aula na prática

| Publicado por Rodrigo Sousa em: 7 de janeiro de 2013 |



Com o objetivo de nortear nossas observações, utilizamo-nos de alguns temas como o uso do livro didático, leitura e compreensão de textos geográficos, uso de diversas linguagens nas aulas, construção de conceitos geográficos e a consideração do saber do aluno nas aulas.
O livro didático assume uma importância mais do é que necessário no planejamento da aula, ditando o quando, como e o que ser transmitido, ao mesmo tempo que é ignorado completamente pelos estudantes, ao não o utilizar como recurso didático mais acessível, acarretando uma situação que Silva, 2011 nomeia de “(des)uso do livro didático”.
Os textos geográficos das aulas são em sua quase totalidade extraídos do livro didático, com grande peso conteudista, muita informação, e o mais grave, são pouco aplicáveis à realidade dos estudantes, dificilmente observa-se o intuito dos textos de tentar trazer os conteúdos para a realidade dos estudantes, pelo contrário atentam a questões econômicas globais de grande complexidade, apresentam mapas pouco didáticos, com legendas complexas, imagens que não são analisadas enquanto paisagens reveladoras dos lugares, pois só revelam o preconceito hegemônico ao enfatizar a beleza das construções antigas da Azia e a miséria da África.
Os temas em si abordados em sala dificultam uma maior interação dos estudantes com os conteúdos, sobretudo pelo distanciamento espacial e cultural de tais temas (África, Azia e Oceania), exigindo grande esforço do professor em trazê-los à realidade do estudante, por meio de exemplos concretos, o que nos é sugerido por Cavalcanti, 2002, que “o ofício de ensinar geografia é uma construção, um fenômeno social, histórico, que se movimenta, se desenvolve, se reconstrói, pela ação de sujeitos”, ou seja, é a partir das experiências do professor vivendo a escola que terá as ferramentas para adequar o conhecimento a sua prática.
Por fim vale discutirmos um dos temas mais importantes no ensino de Geografia, a abordagem dos conceitos geográficos, apoiados novamente no pensamento de Cavalcanti, 2002, consideramos que:

[...] A construção de conceitos geográficos é uma habilidade fundamental para a vida cotidiana. Os instrumentos conceituais são importantes porque ajudam as pessoas a categorizarem o real, a classifica-lo, a fazer generalizações. Os conceitos são, assim, importantes mediadores da relação das pessoas com a realidade e permitem uma mudança na relação cognitiva do homem com o espaço.
[...] A discussão sobre esse encaminhamento deve vir acompanhada do entendimento de que o intuito de formação de conceitos não significa transformá-los em conteúdos programático, ou seja, trabalhar com eles explicitamente, com definições desses conceitos, com exemplos concretos onde eles aparecem, não significa também “cobrar” esses conceitos dos alunos, de modo explícito e formal.
Cavalcanti, 2002.

Os textos por si só e por mais geográficos que sejam, são incompetentes de conceituar, é necessário que o conteúdo presente em tais textos sejam relacionados a realidade para que o leitor possa refletir e a partir de tal reflexão categorizar, classificar e estabelecer as generalizações e abstrações necessárias para a apreensão final do texto, mas é de fundamental importância, a atuação de um orientador neste processo, no caso o professor de Geografia, que seja capaz de dar rumos ao pensamento, instigando a leitura e dificultando conclusões preconceituosas e não fundamentadas.

1 Referências Bibliográficas  
CAVALCANTI, Lana de Sousa. Geografia e Práticas de ensino: Geografia escolar e procedimentos numa perspectiva socioconstrutivista. Goiânia: Alternativa, 2002.
GODOI, Francisco Bueno de. A prática de ensino e o estágio Supervisionado. In. PASSINI, Elza Yasuko. Et all. Prática de ensino de geografia e estágio supervisionado. Contexto: São Paulo, 2007.
KAERCHER, Nestor André. Desafios e Utopias no ensino de Geografia. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 1999.
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: . Acesso em: 15-06-2012.
SILVA, Amanda Barbosa Guedes; SANTOS, Denis Avelino dos; SILVA, Edilma José da, Discutindo o uso e (des)uso do livro didático de  geogafia: experiências no programa institucional de bolsas de iniciação à docência (pibid). V COLÓQUIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO E CONTEPORANEIDADE, 2011.
VISENTINI, J. W. O ensino da Geografia no final do Século XX. São Paulo. Ática, 1996.

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