| Publicado por Rodrigo Sousa em: 7 de janeiro de 2013 |
Falar
do ensino de Geografia nos dias atuais, exige uma discussão sobre o ensino
crítico e tradicional desta disciplina escolar, discussão que remete “a quase
um consenso entre os professores, pelo menos no Brasil, que atualmente estamos
vivenciando uma transição da geografia escolar tradicional para uma critica”,
Vesentini, 2005, entretanto a prática dos próprios professores pouco refletem
tal consenso ideológico, a medida que o professor perde ou deixa perder-se sua
autonomia ao seguir currículos prontos lançados de forma vertical à escola,
sobretudo por meio do livro didático, bem como ao não desenvolver suas
metodologias e reproduzir conceitos prontos.
Outro
ponto que deve ser levado em consideração no estudo do ensino, sobretudo de
Geografia, é o seu caráter ideológico e político, para que não torne os estudantes
ingênuos e alienados socialmente, assim se responde uma das principais questões
do ensino de Geografia, “Para que serve?”. Talvez por isto que se opta em não
investir no ensino de Geografia, mascarando a realidade, sucumbindo o seu
espaço, pois pessoas não ingênuas e não alienadas, questionam e vão contra os
objetivos e interesses dominadores e exploradores daqueles que compõe o poder
e, por conseguinte criam as leis e os programas educacionais. Assim percebemos,
a escola enquanto reprodutora dos interesses dominantes assume o papel
inquestionável de execução de práticas que dificultam ou modificam os objetivos
de ensino da Geografia enquanto ciência.
Na
realidade o ensino de Geografia enfrenta um conjunto de desafios que tornam a
prática educativa desta disciplina, complexa, desafios como o não
reconhecimento da importância da Geografia para a educação, a não preocupação
das políticas publicas em formar um cidadão efetivamente comprometido com a sua
realidade, além da própria história da Geografia em sua tradicionalidade e
rigidez positivista. Diante de tais fatos, alguns autores que estudam o
assunto, falam em uma utopia do professor de Geografia, como KAERCHER, 2010,
que assim se manifesta em relação ao tema, “Minha utopia seria, a partir do
espaço geográfico, construir um saber não meramente escolar que vá servir a
superação de uma leitura ingênua, quando não reacionária, do mundo”. Esta
citação deixa bem claro, que a Geografia ensinada na Escola não deve se privar
a uma leitura, mas deve ir além e buscar fazer uma leitura crítica do mundo,
que renega currículos prontos, mecanicidades e ações que buscam tornar a
prática pedagógica, um ato simplista.
Estes
problemas não se restringem à escola por si só, muitas vezes iniciam-se na
formação dos professores de Geografia, embasada na divisão de disciplinas
bacharéis e disciplinas licenciáveis, não associadas entre si e pouco
contextualizadas, que impossibilitam a formação de professores comprometidos.
O estágio
é assim, a oportunidade que os estudantes têm para observar e colocar em
prática os conhecimentos adquiridos de forma teórica em sala de aula, ou seja,
é a segunda etapa na construção da práxis, com o objetivo de viver no dia-a-dia,
a teoria, e ao mesmo tempo é a oportunidade de iniciação à pesquisa, que
possibilite contextualizar o estagiário no cotidiano da sala de aula enquanto
pesquisador da sua prática, no intuito de melhorá-la e adequá-la a sua
realidade, como nos esclarece Lima, 2004.
É possível o estágio se realizar em forma de pesquisa: A
pesquisa no estágio é uma estratégia, um método, uma possibilidade de formação
do estagiário como futuro professor. [...]
A pesquisa no estágio, como método de formação de futuros
professores, se traduz: de um lado, na mobilização de pesquisas que permitam a
ampliação e análise dos contextos onde os estágios se realizam; por outro, e em
especial, se traduz na possibilidade de os estagiários desenvolverem postura e
habilidades de pesquisador a partir das situações de estágio, elaborando
projetos que lhes permitam ao mesmo tempo compreender e problematizar as
situações que observam. [...]
Pimenta, 2004.
Embasado
nesta perspectiva de estágio, os futuros professores devem nortear as suas observações e ministrações de
aula no intuito de estar problematizando aula por aula e buscando projetar por
meio do planejamento das aulas ministradas, situações que nos permitisse
identificar o problema, com o objetivo maior de que este problema não possa
interferir na nossa prática enquanto futuros professores.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Rosângela
Doin. A propósito da questão
teórico-metodológica sobre o ensino de Geografia. Revista Terra Livre, São
Paulo, n° 08, pág 83 à 89, 1999.
CAVALCANTI, Lana de Sousa. Geografia e Práticas de ensino: Geografia
escolar e procedimentos numa perspectiva socioconstrutivista. Goiânia:
Alternativa, 2002.
KAERCHER, Nestor
André. Desafios e Utopias no ensino de
Geografia. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 1999.