| Publicado por Rodrigo Sousa em: 7 de janeiro de 2013 |
Falar sobre meteorologia, climatologia e, dentro destas áreas da ciência, mais especificamente a atmosfera requer um aguçado nível de abstração, pois a maioria dos fenômenos atmosféricos não podem ser vistos a olho nu, muitos podem até ser sentidos, mas é não é tão simples abstrair, como exemplo a umidade, que pode ser percebida, mas dificilmente podemos observar o seu comportamento na atmosfera, diferentemente do que ocorre por exemplo com os processos da biosfera, na qual não é tão difícil observar, por exemplo, o “reflorestamento natural” de uma área degradada. Tal condição foi determinante para que ao longo de muitos anos poucas foram as preocupações com os fenômenos atmosféricos. A meteorologia tem sua gênese e
sistematização como ciência, bem antes da climatologia, com o propósito de
fazer análises dos fenômenos atmosféricos, sob perspectiva do objeto, em que os
fenômenos são analisados isoladamente e, na maioria das vezes,
quantitativamente, entretanto estas análises ganharam novas perspectivas com a
introdução do pensamento geográfico, originando a climatologia, que passa a
fazer uma análise geográfica (espacial, dinâmica e relacional) dos fenômenos
meteorológicos. Dentro dos vários temas estudados
pela geografia é de fundamental importância estar bem claro a presença de
percepções diferentes sobre um mesmo objeto de estudo, e muitas destas
percepções são proporcionadas pelas escalas geográficas que estabelecem
perspectivas de estudos diferenciadas, como exemplo, se analisarmos o clima do
Brasil como um todo, diremos que é predominantemente tropical, por ser quente e
úmido, mas se observarmos sobre uma escala mais detalhada, perceberemos que
existem diversas subdivisões de clima no Brasil, que não seguem necessariamente
esta lógica de ser quente e úmido, devido a atuação de outros fatores que não a
localização latitudinal, como exemplo, o semiárido que apesar de ser quente, é
seco, ou os climas subtropicais do sul do país que apresentam temperaturas
amenas e umidade também amenas. Na climatologia é forte a
perspectiva da dinâmica dos fenômenos climáticos, que não se mostram isolados,
como no caso do exemplo escalar do paragrafo anterior, em que apesar de existir
um padrão de clima no Brasil, existem condicionantes externas à atmosfera que
alteram o clima, a exemplo e, principalmente os relevos, que em condições de
barlavento e sotavento, modificam enormes áreas, como é o caso do nordeste
brasileiro e, dentro do nordeste, existem regiões que ainda fogem a este
subpadrão, a exemplo das serras, que condicionam outros fenômenos. Desde a fase conhecido como
positivista da Geografia, a produção do seu conhecimento passou a seguir certo
padrão e, a classificação climática foi uma dessas padronizações, a qual busca
relacionar determinadas porções de espaço pela semelhança de suas
características climáticas, nesta abordagem destacou-se Wilheim Koppen, que foi
o primeiro a fazer uma classificação climatológica seguindo o conhecimento
científico por meio dos padrões encontrados em escala global. É importante destacarmos ainda que,
apesar de existirem os padrões encontrados sob as perspectivas das mais
diversas escalas, existe bem claro no estudo do clima, uma série de fenômenos
que ocorrem de forma eventual, a alterar as características “normais” do clima,
a exemplo do El niño e o efeito estufa que ocorrem com certa regularidade
temporal e em escala global e, acabam por “desconfigurar” as características
climáticas de uma porção do espaço. À escala local existem fenômenos causados
pela ação humana, como as queimadas e naturais, como os sistemas produtores de
tempo. Portanto, fica claro o estudo dos
fenômenos atmosféricos na Geografia, cabíveis à climatologia, como devendo ser
abordados de forma conceitual e empírica, mas também analítica, relacional,
escalar e classificatória, para que se atinja um nível de conhecimento que
permita conhecer a realidade como ela realmente é, em sua complexidade e
veridicidade.REFERÊNCIA:
MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.
MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.